12/07/2023

O RPG é um jogo de “faz de conta”, de assumir papéis, onde um grupo se une para contar uma história única e compartilhada entre seus membros. É uma mistura de jogo de tabuleiro com teatro. Nele existem duas funções: a primeira é a do narrador, que terá o principal controle do jogo. É ele quem escolhe ou cria o cenário do jogo. A segunda figura é a dos jogadores, a pessoa que entrará no mundo criado pelo narrador. O jogador se propõe a interpretar um personagem que ele mesmo criará de acordo com o cenário que foi criado pelo narrador. A ideia inicial é que o RPG seja um entretenimento, mas o jogo vai muito além, podendo ser empregado em muitos ambientes, como o de trabalho e o acadêmico. Quem garante é Ricardo Mazza, designer gráfico do Núcleo de Comunicação do UGB-FERP e narrador de RPG há dez anos.

RECURSOS HUMANOS

“O primeiro curso que eu pensei é certamente o de Recursos Humanos. Primeiro porque você como jogador ou mestre a primeira lição é saber administrar o seu grupo. É de extrema importância a figura desse tipo de gestor, seja na imagem do narrador, seja na de pelo menos um jogador, porque RPG é exatamente sobre recursos, o que cada personagem, o que cada classe representa e faz, quais são suas funções no jogo. Jogando com uma boa gestão você entende perfeitamente a função de cada um ali, ou acaba exercitando isso. A relação com o próximo é o tempo todo, então, você pode ir treinando diferentes tipos de dinâmicas de aproximação, de socialização e de gestão. Um acadêmico ou profissional de Recursos Humanos consegue, de maneira mais lúdica, aplicar essas técnicas em processos seletivos, fazendo dinâmicas em grupo para mapear as características dos candidatos”.

LETRAS

“Depois do gestor de Recursos Humanos, acredito que nenhum curso seja mais óbvio e que deveria jogar RPG do que o de Letras. Primeiro pela gigantesca riqueza que há no RPG. Lendo os livros de RPG você descobre formas incríveis de se contar uma história, de passar informação e como explorar a língua. Imaginem livros com vários autores e essa história sendo criada ao vivo e com desmembramentos inacreditáveis? Isso já existe, escritores que jogam RPG e devem escrever seus livros baseados na história que eles viveram com os amigos. Todo estudante ou profissional da área de Letras ou Literatura deveria ter a experiência de jogar RPG. Imagina poder jogar a responsabilidade para outra pessoa de controlar aquele personagem que, às vezes, você criou, mas não teve tanto tempo para aprofundar? Ou talvez não queira escrever tanto assim sobre ele, mas que ele é importante para algum momento da história. Você, então, pode sugerir a um amigo que jogue com esse personagem enquanto pode focar no seu protagonista ou no personagem que você criou e possui mais apego”.

PEDAGOGIA

         “Aos professores do futuro, eu queria suplicar para que entendam a força pedagógica que um jogo dessa magnitude pode ter. Um jogo onde você pode incorporar qualquer temática e cenário é um jeito perfeito de se aprender de forma lúdica e interativa. O aprendizado ativo instiga a criatividade delas e treinará mais ainda o seu poder de controle de imersão. Você exercita o seu storytelling, sua comunicação e trará ao seu ensino um modo inovador e, indiretamente, estará plantando a semente para que mais pessoas se interessarem pelo estilo de jogo e tenha a oportunidade de imergir em um mundo de leitura, assim exercitando a mente para coisas novas através do seu estímulo e da temática que agrada a ela”.

PSICOLOGIA

         “Depois de Pedagogia, o curso que mais se aproveitou do RPG foi o de Psicologia. É muito bom ver como nossa mente pode criar coisas incríveis e, quando direcionada para o caminho certo, consegue se moldar ao que está sendo proposto. Hoje já existem tratamentos psicológicos que usam ferramentas do RPG, como por exemplo, ajudando pacientes com sintomas de depressão e em tratamento de traumas, porque recontando a história você pode traçar caminhos diferentes em sua mente, às vezes reformular finais e encontrar saídas antes não percebidas. Vendo as coisas de fora, se distanciando, a nossa mente consegue ter uma visão mais ampla da situação e você revisitar certas histórias, agora como um personagem, mesmo que você esteja reencenando, agora já está em uma posição mais confortável e de mais distância que permite uma outra análise, ou seja, a nossa mente é levada a vários lugares por essas histórias e por isso eu indico o RPG a estudantes e profissionais de Psicologia”.