05/07/2023

Por Vagner Santos

 

1922. Formação da URSS, União Soviética. Esse país foi um agregado de 15 territórios sobre o controle da Rússia revivendo o antigo império russo. O país se formou para reforçar as ideias do socialismo.

1945. Guerra fria. Conflito ideológico entre capitalistas e socialistas que tornou o mundo bipolar, tento EUA e URSS lutando para ampliar suas áreas de influência (agregar países aliados).

1949. Forma-se a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Trata-se de uma aliança militar entre os principais países capitalistas, cujo objetivo era se contrapor aos países socialistas. A proposta da OTAN parte do pressuposto de que se algum país do bloco for atacado por um inimigo, todos os países do bloco entram em defesa daquele que foi atacado.

1991. Fim da guerra fria. Capitalismo vence e predomina no mundo. A URSS se dissolve. Ex-repúblicas soviéticas tornam-se países independentes.

Anos 90, com o fim da bipolaridade mundial, EUA se impõe como única superpotência do mundo.

Mesmo com o fim da guerra fria, a OTAN continua existindo tendo como estratégia avançar sobre as ex-nações comunistas e, também, em direção às ex-repúblicas soviéticas, para tentar impedir qualquer ressurgimento de uma "grande Rússia". Os países ocidentais, sobretudo os EUA, alegavam que a Rússia poderia tentar reconstituir o seu antigo império englobando novamente as nações vizinhas, daí a estratégia da OTAN de trazer esses países para sua zona de controle.

A partir daí, 14 nações ex-comunistas foram incorporadas à OTAN, inclusive regiões que tinham feito parte da URSS.

No início do século XXI, a Rússia, sob a liderança de Vladimir Putin, consegue reestruturar sua economia (muita enfraquecida nós pós-guerra fria) e ganha força para se contrapor ao avanço da OTAN.

Em 2008, o presidente dos EUA, George Bush, ameaça incorporar a Geórgia e a Ucrânia à OTAN, causando temor a Rússia, já que essas nações fazem fronteira direta com a território russo, representando, na visão dos russos, uma ameaça a sua segurança, já que os países que fazem parte da OTAN ficam sujeitos a receber em seus territórios toda a estrutura militar dos países membros.

Em 2008, com a possível aproximação da Geórgia com a União Europeia e a OTAN, grupos separatistas pró Rússia se organizam no sul do país e diante de uma repressão violenta do governo da Geórgia contra os separatistas, a Rússia interveio alegando defesa dos separatistas. Com a pressão militar da Rússia, houve um acordo e a região da Abecásia e Ossétia do Sul conseguiram uma independência parcial, enfraquecendo a Geórgia. Com isso, o país acabou não tendo sua entrada nos organismos ocidentais.

Agora na Ucrânia, a situação se repete. Desde 2014, com o aumento dos movimentos para integrar a Ucrânia a OTAN, organizou-se movimentos separatistas no leste do país (regiões de Donetsk e Lugansk), onde a maior parte da população tem elo cultural e étnico com a Rússia. Com apoio bélico da Rússia, o conflito entre separatistas e as forças do governo se mantém por oito anos, deixando a Ucrânia num estado de guerra civil.

Com essa condição, a Ucrânia não pôde ser incorporado à OTAN, pois existe um critério para adesão de novos países que proíbe a adesão de nações que tenham problemas de conflito territorial não resolvido.

No final do ano de 2021, Putim começa a deslocar tropas para a fronteira com a Ucrânia, dando a entender que poderia intervir, de alguma forma, mas em defesa dos separatistas.

Em fevereiro de 2022, Putim declara reconhecer as províncias separatistas e se dispõe a ajudar militarmente para que elas alcancem seus objetivos.

O mundo ocidental alega que esse apoio, com envio de tropas, contraria as regras da carta da ONU, que classifica esse tipo de ação como invasão externa.

Para surpresa geral, dias depois, a Rússia bombardeia áreas da capital ucraniana, mostrando uma estratégia para dominar todo o país e não apenas as áreas separatistas.

Como reação, os países do ocidente reagem com sanções econômicas com o objetivo de sufocar a Rússia e fazer com que ela retroceda na sua estratégia de ataque.

EUA e OTAN garantem que não enviarão tropas em apoio aos ucranianos, apenas armamentos. Com isso, o conflito que o mundo todo acreditava que fosse durar poucos dias já perdura por quase 17 meses.

A invasão ao território ucraniano levou os países ocidentais, sobretudo europeus e os EUA, a criarem uma estrutura de apoio a Ucrânia, com transferência de armas e recursos financeiros para tentar conter o avanço do exército de Vladimir Putin. Ao mesmo tempo, houve a adoção de uma série de sanções econômicas com o objetivo de enfraquecer a economia da Rússia e assim fazer com que o exército russo recuasse.

As ações contra a economia russa, no entanto, provocaram o chamado efeito bumerangue. Os países europeus, dependentes de uma série de produtos comercializados pela Rússia, sobretudo o gás natural, tiveram dificuldades de comprar ou mesmo foram impedidos de comercializar com o país de Vladimir Putin. Essas ações, no entanto, não foram suficientes para fazer com que o exército Russo recuasse.

Nos últimos meses, equipamentos bélicos mais modernos estão sendo investidos na Ucrânia como forma de aumentar a pressão contra a Rússia. Vale ressaltar ainda que a Rússia conta com a ajuda da China e da Índia, países com os quais aumentou o comércio nos últimos tempos visto que eles não aderiram às sanções comerciais dos países ocidentais.

Essa guerra entra para a história como o pior conflito em solo europeu desde o fim da II Guerra Mundial. O impacto econômico e social é intenso, com a alta da inflação no continente europeu, por conta da interrupção do suprimento de vários produtos e uma crise alimentar com a alta do preço dos produtos da cesta básica. Também como consequência do conflito estima-se 240 mil mortos, sendo 100 mil soldados russos, 100 mil ucranianos, além de 40 mil civis.

  • Vagner Santos é professor de Geopolítica e Geo-história do curso de História do UGB-FERP.