27/07/2023

No último dia 25 de julho foi comemorado o “Dia Internacional da Mulher Preta e Caribenha”. Momento de homenagear essas mulheres de fibra que enfrentam as dificuldades da vida com resiliência. Um símbolo dessas mulheres no Brasil é Lélia Gonzalez, uma das figuras mais importantes da história brasileira. Ela deixou um legado marcante na luta contra o racismo e o sexismo, contribuindo significativamente para a promoção da igualdade e justiça social. Nascida em 1º de fevereiro de 1935, no Rio de Janeiro, sua trajetória é um exemplo de resistência, sabedoria e comprometimento com as causas sociais.

Desde cedo, Lélia enfrentou as duras realidades do preconceito racial em um país marcado pela herança escravocrata. Com sua inteligência aguçada e senso de justiça, ela se destacou academicamente, formando-se em História e Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Essa formação sólida permitiu que ela compreendesse profundamente as questões sociais que assolavam o Brasil e fundamentasse suas análises com embasamento teórico.

Coordenador do curso de História do UGB-FERP, o professor Paulo Célio destaca que, a partir dos anos 1970, Lélia Gonzalez emergiu como uma voz proeminente no movimento negro brasileiro, denunciando o racismo estrutural e suas manifestações cotidianas. “Sua atuação foi fundamental para a conscientização de uma geração sobre a importância da identidade racial e a valorização da cultura afro-brasileira. Ela também destacou a interseccionalidade, percebendo como gênero e raça se entrelaçam, afetando de forma específica as mulheres negras, que enfrentam múltiplas opressões”, frisou.

Além de sua militância no campo do antirracismo, Paulo Célio frisa que Lélia Gonzalez também foi uma ardente defensora dos direitos das mulheres. “Ela se destacou ao discutir a invisibilidade e as desigualdades enfrentadas pelas mulheres negras, o que trouxe uma abordagem mais inclusiva ao movimento feminista. Sua perspectiva interseccional revolucionou o entendimento sobre as opressões de gênero e raça, impulsionando debates fundamentais para a luta por uma sociedade mais igualitária”, afirma.

 

PRODUÇÃO INTELECTUAL

 

A produção intelectual de Lélia também foi de grande relevância. Segundo Paulo Célio, seus escritos, palestras e participações em conferências ecoaram em diversos espaços acadêmicos e sociais, influenciando estudiosos, ativistas e governantes. “Ela defendia a necessidade de ações afirmativas para corrigir desigualdades históricas, ao mesmo tempo em que ressaltava a importância da conscientização e da transformação das mentalidades”, ressaltou o coordenador.

O legado de Lélia Gonzalez continua vivo mesmo após sua partida, em julho de 1994. Suas ideias e princípios continuam inspirando gerações a lutarem contra todas as formas de discriminação e injustiça. Seu trabalho e sua dedicação para construir uma sociedade mais justa e inclusiva deixaram marcas indeléveis na história do Brasil, sendo uma referência para aqueles que almejam um país onde todas as vozes sejam ouvidas e todas as pessoas sejam respeitadas em sua diversidade.

Portanto, Lélia Gonzalez permanece como uma luz guia para todos aqueles que sonham com uma sociedade onde prevaleçam a igualdade, o respeito e a dignidade humana, independentemente da cor da pele, gênero ou origem. Sua memória recorda que a luta pela justiça social é uma jornada contínua e coletiva, que exige o engajamento de todos para construir um futuro mais justo e solidário para as próximas gerações.